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Atualizado em 16/05/2023
INTRODUÇÃO
O diagnóstico de tumores de mama em pacientes maiores de 64 anos vêm aumentando nos últimos anos. Essa população, devido muitas vezes à s condiçãµes clínicas, se faz necessário um descalonamento no tratamento, desde que com segurança. A omissão da radioterapia aPós a cirurgia conservadora em pacientes idosas de baixo risco com tumores receptores hormonais (RH) positivos e menores permanece controversa. Os resultados de 5 anos do estudo PRIME II mostraram que entre as mulheres com 65 anos de idade ou mais que tinham tumores T1 ou T2, RH-positivos e sem linfonodos positivos, e que foram tratadas com cirurgia conservadora da mama e endocrinoterapia adjuvante, a radioterapia foi associada a uma porcentagem menor de recorrência local (4,1% sem radioterapia versus 1,3% com radioterapia). Nesse atual estudo, foi descrito os resultados de 10 anos de seguimento do PRIME II.
MÉTODO
O trial foi conduzido em 76 centros do Reino Unido, Grécia, Austrália e Sérvia. Foram incluídas pacientes com 65 anos ou mais, com tumores RH+, tamanho menor ou igual a 3 cm e que foram submetidas a cirurgia conservadora e análise linfonodal axilar negativa. Todas foram submetidas a tratamento hormonal adjuvante e o grupo com radioterapia recebeu 40 a 50Gy no total, sendo permitido o uso de Boost. End point primário foi a recorrência local; secundário foram a recorrência regional, recorrência contralateral, metástases a distância, sobrevida livre de doenças e sobrevida geral.

RESULTADOS
De abril 2003 a dezembro de 2009, 1326 pacientes foram randomizadas; sendo que 658 receberam radioterapia e 668 não. Média etária foi de 70 anos e no grupo de radioterapia apenas 15,6% receberam Boost.
Em 10 anos de seguimento, a recidiva local foi de 9,5% (IC 6.8 - 12.3) no grupo sem radioterapia e 0.9% (IC 0.1-1.7) no grupo que recebeu radioterapia (Hazard Radio de 10.4 (p<0.001) ). A recorrência a distância foi de 1,6% (sem radio) e 3,0% (com radio). Em mama contralateral, sem diferença substancial. A sobrevida livre de doença em 10 anos foi de 68,9% e 76,3% (sem versus com radioterapia) e a sobrevida específica por câncer de mama foi 97,4% e 97,9% respectivamente. A sobrevida geral em 10 anos foi de 80,8% e 80,7%.

Em uma análise de subgrupo, encontrou-se recorrência local menor entre tumores RE-high em comparação com a população geral do estudo (8,6% sem radio versus 1,0% com radio). A recidiva local em tumores RE-low sem radioterapia foi de 19,1%. Nenhuma recidiva ocorreu em grupo RE-low com radioterapia, mas o grupo foi pequeno (n=53).
Diante desses fatos então, observamos que mulheres idosas com câncer de mama RH+ e que receberam hormonioterapia, a incidência de 10 anos de recorrência local aPós cirurgia conservadora foi significativamente menor entre as pacientes que receberam irradiação de toda a mama do que entre aquelas que não receberam irradiação. No entanto, a diferença absoluta na incidência de recorrência local foi modesta (8,6 pontos percentuais), e não houve efeito substancial na incidência de recidivas regionais ou a distância, e nem na sobrevida global ou específica do câncer de mama.
Devemos levar em consideração que as mulheres em ambos os grupos foram mais propensas a morrer de outras causas do que de câncer de mama. Das 231 mortes ocorridas, apenas 31 (13%) foram decorrentes ao câncer de mama. Pacientes e médicos devem equilibrar os danos e benefícios da irradiação sabendo que evitá-la não aumenta o risco de morte por câncer de mama. Além disso, notamos que nesse estudo houve um número menor de pacientes com tumores grau 3 e todas as pacientes receberam o tratamento de hormonoterapia completo por 5 anos.

Conclui-se assim, que devemos considerar a opção de se evitar a radioterapia em pacientes maiores de 65 anos, tumores RH+, grau 1 e 2, linfonodos axilares negativos; desde que se garanta o uso da hormonioterapia completa e se considere a "performance status" atual da paciente.
Membro da Comissão de Educação Continuada da SBM - Regional SP