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Atualizado em 25/04/2024
Raça e status socioeconômico já se mostraram fatores significativos na suscetibilidade individual ao câncer e na sobrevida. Entre pacientes com câncer de mama, as mulheres negras apresentaram uma mortalidade específica por câncer de mama pior do que as mulheres brancas. Estudos sugerem biologia tumoral agressiva e Recurrence Score (RS) de 21 genes mais altos em mulheres negras. A disparidade racial nos resultados de sobrevida pode não ser totalmente explicada por diferenças no RS e nos tratamentos administrados. Para abordar isso, esse estudo de coorte observacional avaliou disparidades raciais/étnicas no contexto do RS.
Dados do Banco de Dados Nacional de Câncer (NCDB) Americano foi consultado para pacientes do sexo feminino diagnosticadas entre 2006 e 2018 com câncer de mama RH-positivo, pT1-3N0-1aM0 que receberam cirurgia seguida de terapia endócrina adjuvante e tinham RS disponível. Os grupos raciais/étnicos foram definidos como brancos não hispânicos (NHW), brancos hispânicos (HW), negros e asiáticos/insulares do Pacífico (API). O endpoint primário foi a OS.
Em um total de 140.133 mulheres, as características basais diferiram significativamente entre os grupos raciais e étnicos. As mulheres negras tiveram mais pacientes com tumores receptor de progesterona (PR) negativos e tumores de grau 3 com RS ≥ 26. As mulheres API tiveram mais pacientes com menos de 50 anos de idade e tinham seguro médico privado com níveis de renda acima da mediana.
Em análise multivariada, as mulheres negras foram associadas a um RS mais alto (≥ 26 vs < 26: odds ratio ajustada [aOR] 1,19, intervalo de confiança [IC] de 95% 1,12-1,26, p < 0,001), enquanto as mulheres brancas hispânicas (HW) (aOR 0,93, IC 95% 0,86-1,00, p = 0,04) e mulheres asiáticas/insulares do Pacífico (API) (aOR 1,03, IC 95% 0,95-1,13, p = 0,45) não foram. Em comparação com mulheres NHW, as mulheres negras tiveram pior OS (risco ajustado [aHR] 1,10, IC 95% 1,02-1,19, p = 0,012), enquanto as mulheres HW (aHR 0,85, IC 95% 0,77-0,94, p = 0,001) e API (aHR 0,66, IC 95% 0,56-0,77, p < 0,001) tiveram melhor OS. Entre aqueles com RS <26, as mulheres negras continuaram a apresentar pior OS (aHR 1,17, IC 95% 1,07-1,28, p <0,001), enquanto as HW (aHR 0,85, IC 95% 0,76-0,96, p = 0,008) e API (aHR 0,73, IC 95% 0,61-0,87, p <0,001) continuaram a apresentar melhor OS.
Este é o maior estudo utilizando um banco de dados nacional de oncologia para demonstrar que mulheres negras apresentavam RS mais elevados do que mulheres brancas não-hispânicas (NHW). As mulheres negras tiveram pior OS entre aquelas com RS < 26, enquanto mulheres de origem asiática e das ilhas do Pacífico (API) tiveram melhor OS independentemente do RS quando comparadas à s mulheres NHW. Teorias para esses resultados inferiores em mulheres negras incluem biologia tumoral adversa, diferenças no acesso aos cuidados de saúde, falta de terapia adjuvante apropriada e/ou adesão ao tratamento.
Assim, de acordo com esses resultados, sugere-se que mulheres negras apresentam RS mais elevados e, além disso, pior OS entre aquelas com RS < 26.
Mastologista do Programa Cuidar do Hospital Israelita Albert Einstein; Mastologista da Clínica Femi em Alphaville/SP; Membro da Comissão de Educação Continuada da Sociedade Brasileira de Mastologia-SP