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Atualizado em 29/08/2023
Pranjal Agrawal, et al. Obstet Gynecol 2023; 00:1-9
INTRODUÇÃO
Mais de 70% das mulheres Pós-menopausadas que sobreviveram ao câncer de mama e são tratadas com terapias sistêmicas subsequentemente experimentam a síndrome geniturinária da menopausa. Embora existam muitos tratamentos, uma das opçãµes mais eficazes para a atrofia vulvovaginal é a terapia com estrogênio vaginal. Revisões recentes descreveram a controvérsia em torno do uso de estrogênio vaginal em mulheres com histórico de câncer de mama devido a preocupaçãµes com a absorção sistêmica de estrogênio e possível aumento do risco de recorrência do câncer, tornando, assim, a decisão de usar estrogênio vaginal ainda mais desafiadora.
MÉTODO E RESULTADOS
Nesse estudo realizou-se uma análise de coorte utilizando prontuários eletrônicos de saúde vinculados a reclamaçãµes de seguros adquiridos da rede de pesquisa TriNetX Diamond americana. O desfecho primário do estudo foi a recorrência do câncer de mama, definida como a necessidade de mastectomia, radioterapia ou quimioterapia, ou ocorrência de malignidade secundária dentro de 3 meses a 5 anos aPós o início da terapia com estrogênio vaginal para síndrome geniturinária da menopausa. Identificou-se 42.113 mulheres com diagnóstico de síndrome geniturinária da menopausa aPós câncer de mama. Dentre esse grupo, 2.111 mulheres (5,0%) estavam no grupo de estrogênio vaginal. O risco de recorrência do câncer de mama não foi diferente entre os grupos, com uma taxa de recorrência de 17,6% no grupo de estrogênio vaginal e 17,1% no grupo de controle (RR 1,03, IC 95% 0,91-1,18). Não foram observadas diferenças significativas na sobrevida livre de recorrência entre os grupos (RR 0,98, IC 95% 0,85-1,14). Não houve diferença significativa na mortalidade por qualquer causa em 5 anos (2,8% vs. 3,8% para mulheres no grupo de estrogênio vaginal em comparação com aquelas no grupo de controle, RR 0,74, IC 95% 0,53-1,03). O uso de estrogênio vaginal foi associado a um risco diminuído de mortalidade por todas as causas em 10 anos em comparação com o grupo de controle (3,0% vs. 4,3%, RR 0,70, IC 95% 0,51-0,96).
Dentre aquelas com câncer de mama receptor de estrogênio positivo, ocorreram 258 eventos de recorrência no total, com 125 eventos de recorrência no grupo de estrogênio vaginal e 133 eventos de recorrência no grupo de controle. Não houve diferença na sobrevida livre de recorrência entre os dois grupos (HR 0,88, IC 95% 0,69-1,12). Foi realizada uma sub-análise comparando mulheres com prescriçãµes concomitantes de estrogênio vaginal e inibidor de aromatase com aquelas que tinham apenas estrogênio vaginal. Dentre as 2.111 mulheres no grupo de estrogênio vaginal, 91 receberam prescriçãµes de inibidor de aromatase. O risco de recorrência do câncer de mama foi significativamente maior em mulheres que receberam estrogênio vaginal e inibidor de aromatase concomitante, em comparação com apenas estrogênio vaginal, com uma taxa de recorrência de 77,8% em comparação com 15,6% (RR 5, IC 95% 3,05-8,19). Dentre aquelas com câncer de mama receptor de estrogênio positivo, ocorreram 29 eventos de recorrência em mulheres com histórico de uso concomitante de inibidor de aromatase e 11 eventos de recorrência na coorte de apenas estrogênio vaginal. Foram observadas diferenças significativas na sobrevida livre de recorrência entre os dois grupos (HR 4,82, IC 95% 2,36-9,84). Não foi observado nenhum evento de mortalidade no acompanhamento de 5 ou 10 anos.
CONCLUSÃO
Embora vários estudos tenham demonstrado a eficácia do estrogênio vaginal na redução dos sintomas do síndrome geniturinário da menopausa, a terapia não hormonal permanece a primeira linha de tratamento para o síndrome geniturinário da menopausa em indivíduos com histórico de câncer de mama, devido à s preocupaçãµes com possível recorrência do câncer causada pela terapia hormonal. Neste estudo de coorte, não encontramos diferença significativa no risco de recorrência do câncer dentro de 5 anos entre sobreviventes de câncer de mama com e sem prescriçãµes para terapia com estrogênio vaginal. Conforme estudos anteriores, um risco aumentado de recorrência de câncer de mama foi observado com o uso concomitante de inibidor de aromatase e estrogênio vaginal. É possível que esse aumento de risco possa ser multifatorial, incluindo as características do câncer de mama, a dosagem de estrogênio vaginal e inibidores de aromatase, e a relação temporal do diagnóstico de câncer de mama com o início da terapia com estrogênio vaginal para o diagnóstico de síndrome geniturinário da menopausa, mas os dados são limitados.
Mastologista do Programa Cuidar do Hospital Israelita Albert Einstein; Mastologista da Clínica Femi em Alphaville/SP; Membro da Comissão de Educação Continuada da Sociedade Brasileira de Mastologia-SP